segunda-feira, 24 de junho de 2013

ESTRATÉGIAS DE CULTURA DE PAZ

O CAMINHO É A META - GANDHI HOJE
Johan Galtung - Ed. Palas Athena

Entendemos o Satyagraha como um esforço para apresentar a Lei de um modo que possa ser traduzido em ações concretas e de várias formas ( fechamento de comércio em protesto, não-cooperação, desobediência civil, satyagraha individual, etc). Satya = verdade / Graha = firmeza
Consequentemente, o satyagraha não pode jamais ser entendido como uma simples tecnologia do conflito. Como o nome diz, ele é um modo de chegar à Verdade.

A estrutura da Verdade de Gandhi

a)    não-violência (ahimsa)
b)    autoconfiança
c)    autopurificação

Para Gandhi, uma estrutura horizontal é condição necessária para a auto-realização, pois libera tanto o explorador dos grilhões de estruturas exploradoras quanto o explorado.
Ele queria purificar o sistema de castas, tirando-lhes o componente vertical.
No âmbito das aldeias Gandhi previu algo semelhante. Com a eliminação do componente vertical, nenhuma aldeia é só cliente ou consumidor; nenhuma só aldeia ou cidade tem permissão para ser só patrão ou produtor. Há trocas, mas elas são igualmente benéficas para as partes envolvidas. Eis a fórmula; nem dependência, nem total independência no sentido do isolamento, mas sim interdependência eqüitativa. Só desta maneira a estrutura intra e inter aldeias se torna não-violenta. De um lado a interdependência, de outro a autoconfiança.
(pg 73)

DOUTRINA DE UNIDADE DO HOMEM

Os humanos estão/são ligados uns com os outros por meio de laços que vão além das relações sociais; trata-se de um vínculo de natureza mais profunda, talvez transcendental. Comparadas à força básica dessa união, as relações sociais tornam-se efêmeras.
Gandhi foi um estruturalista, no sentido de perceber os conflitos em suas profundezas, como algo construído no âmago das estruturas sociais e não no íntimo das pessoas.
Um conflito mais se assemelha à uma revolução permanente do que uma que acabe com todas as outras.
Ele compartilha a idéia de que não se devem causar danos ao antagonista; é contra a sabotagem física, privá-lo do essencial às suas necessidades básicas.
O invasor deve ser visto como equivocado e não como malicioso. Negar-lhe o essencial não aumentaria as suas possibilidades de entender o quão equivocado está.
Cooperar com o invasor na repressão/exploração é cooperar com o mal.
No satyagraha corretamente executado só há vencedores. (pg. 89)

Ao que parece, Gandhi define como violência qualquer coisa que possa impedir a auto-realização individual, não apenas atrasando o progresso de uma pessoa mas também mantendo-o estagnado.

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