ESTAR CERTO OU SER FELIZ?
Em muitos momentos de nossa vida temos que escolher entre estas duas situações e apesar de nossas certezas ás vezes é melhor escolher ser feliz. As circunstâncias do dia a dia acabam por esgotar nosso estoque de paciência, temos que lidar com nossas limitações e muitas vezes somos mal compreendidos. Quando buscamos estar certos o tempo todo é muito provável que em algum momento falharemos e admitir enganos é considerado uma fraqueza em nossa sociedade, afinal incentivamos a competição desde muito cedo e damos um crédito maior aos que “vencem”, como se houvesse mesmo uma aura especial em torno desta conquista. Ensinamos nossos filhos a competir na escola, mais tarde no trabalho e também nos relacionamentos, o que gera uma pequena parcela de pessoas “temporariamente” vencedoras e um batalhão de perdedores.
O problema é que não se pode estar certo e ganhar todas as vezes, quando nos frustramos nem sempre somos “bons esportistas”, acabamos por destruir relacionamentos e criamos animosidades muitas vezes insolúveis. As guerras são frutos de discórdias que após algum tempo nem se sabe mais de onde vieram.
Não acredito que devemos aceitar tudo e concordar com coisas que não fazem parte de nossa ética e nem devemos evitar o conflito. A agressividade é usada na natureza para defender as fronteiras e ideais mas não devemos ser violentos, pois a palavra “agressividade” em sua origem significa ir adiante, abrir espaço. E não contém em si a violência e não há a intenção de machucar ou destruir o oponente e sim defender seu território. Por exemplo, um terremoto é sem dúvida agressivo mas não violento. A violência é diferente pois contém a intenção de destruir e aniquilar o outro, não sendo necessário explicar aqui como nosso mundo tem se tornado cada vez mais violento, é só ligar a TV e assistir ao noticiário.
Precisamos rever nossos conceitos e basear nossas atitudes em ações de cooperação ao invés de competição. Todos nós ganhamos com a cooperação, não há competição na Natureza.
Assim não é necessário destruir nossos oponentes. Gandhi defendia a idéia que devemos melhorar nossos argumentos e ao invés de evitar os conflitos, devemos buscar fazer de nossos oponentes um aliado e isso só será possível se nos tornamos mais flexíveis e aplicarmos nossa energia neste sentido.
Quando encontramos pessoas mais rígidas e que não conseguem se abrir para opiniões e modos diferentes de pensar ou simplesmente não concordam com nossas opiniões devemos refletir e verificar o que vale mais a pena, estar certo ou ser feliz? Seja um campeão da felicidade e não abra mão de sua paz interior em debates de opiniões que podem mudar de uma hora para outra.
Para concluir gostaria de citar o pensamento de Marco Aurélio, filósofo grego que também foi imperador e em seu reinado teve que enfrentar guerras, discórdias e muitas desavenças mas apesar de tudo conseguiu manter sua ética e conquistou a si próprio.
“Julga que está em seu poder pronunciar cada palavra e realizar cada ação de acordo com a Natureza. Não te deixes persuadir pelas críticas ou comentários dos outros; se há alguma coisa de bom para ser feito ou dito, nunca renuncies o direito de fazê-lo. Os que te criticam têm sua própria razão e seu próprio guia interior, e eles seguem seus próprios impulsos. Não consideres as suas opiniões, toma teu reto caminho e segue a tua própria natureza e a Natureza universal, pois as duas seguem o mesmo caminho.”
Mais uma vez a mesma pergunta, o que é melhor: Estar certo ou ser feliz?
Regina Proença – professora graduada em Filosofia. Coordena projetos de Cultura de Paz e Meditação do centro de estudos Iluminattis. www.iluminattis.com.br
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